domingo, 28 de setembro de 2008

Emoções


Adoro sentir.
Emociono-me com alguma facilidade quando estou entregue ao que vejo ou ao que ouço.
Seja quando ouço um artista a cantar e que é aplaudido exaustivamente, sentir aquela felicidade natural e sincera de reconhecimento versus árduo trabalho...
Seja quando vou a uma peça de teatro em que há actores merecedores de mérito e que no final da peça são atingidos pelos insurdecedores aplausos mantidos de pé pelos espectactores...
Seja no cinema, como me aconteceu ontem, em que chorei em dois especiais momentos do filme (Mama Mia), num que me tocou como mãe (e este é sem sombra de dúvidas o meu "calcanhar de Aquiles") e noutro que me tocou pela entrega da actriz à canção e à representação. Ri da simplicidade da história envolta num misto de sentimentos de saudade e cumplicidade.

Sou capaz de chorar ao ouvir histórias na TV, imagino aquela dor, aquela vida... tenho imensa facilidade em entrar na personagem.
Não consigo ver ou ouvir sem tentar perceber ou sentir.
Sem julgamentos.

Emociono-me pela simples beleza do sentir ou pela pureza do verdadeiro sentimento... aquele que causa um arrepio na pele, um aperto na barriga, um nó na garganta e lágrimas que rolam no rosto e lavam o sorriso esmagador nos lábios.

Vivi muitos anos fechada na frieza ingénua da idade, abri-me ao mundo quando me senti amada, deixei-me apaixonar e entreguei-me a uma outra fase da vida... à de dar sem esperar que se receba primeiro.
Sentir as emoções alheias é saber ouvir dando o nosso tempo à outra pessoa, é dar sem intenção de receber... e é das melhores coisas da vida.
A capacidade de parar para sentir o que o outro sente... é um dom, só pode ser!
Ter a riqueza de não pensar só no interesse próprio concerteza que será obra do bem.

Aprender a controlar as emoções é uma exigência normal da convivência em sociedade.
Saber aprender com os sentimentos dos outros é uma mais valia para essa convivência.

O que seríamos nós sem emoções?


sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Subsídios injustos

Como quem não quer a coisa, se existisse um escalão familiar de acção social para todos os desempregados, penso que acabaria uma lacuna grave (umas das) da nossa sociedade.

Se tenho um escalão entre a "pobreza" e a "riqueza" que já não me dá quaisquer ajudas escolares para os meus filhos, e se nem com a carta que comprova que estou desempregada o SASE da escola pública aceita rever o meu caso... então é normal que me sinta injustiçada com os "imigrantes," os "ciganos" e as "porcas"...
Sim, são aqueles que detém a grande (se não totalidade) dos subsídios de apoio, muitos nem sei o nome, mas as pessoas que desse escalão fazem parte sabem-nos na ponta de lingua.

Subsídios que me transformam... subsídios que fazem com que sinta discriminação no meu próprio país, país esse que adora bajular e fazer-se de "bem" para o estrangeiro, país esse que esconde os direitos das crianças ao tornar cara a educação no nosso país...
País esse que tenta a todo o custo manter vivos os dependentes de subsídios.

Todos os subsídios deveriam ser temporários, justos e verdadeiros.
Deveria existir pessoal do Estado a investigar cada caso, não só pelo papel (porque há gente a declarar no IRS coisas inconcebíveis), mas indo ver as casas, os carros e todos os bens superflúos. Deveriam balancear tudo e todos, os que nada têm, os que batalham diáriamente para terem, os que usam os filhos para viverem de subsídios, e os que educam os filhos para serem homens respeitadores e justos.

Ver estas injustiças, viver estas injustiças fazem-me ver sentimentos comuns a todo o mortal mas que só os conseguimos sentir quando somos postos à prova perante uma realidade dura de suportar.

Somos todos diferentes sim, mas há que educar para o melhor não para o pior (dando como exemplo engravidar cedo, ter pelo menos 4 filhos, trazê-los de arrasto, utilizá-los para pedinchar e rir na cara de todos os enganados que todos os dias se levantam para trabalhar, pagam as suas contas e se entristecem por não poder custear mais um descendente).

Os imigrantes (pretos, loiros, morenos ou brancos) são ajudados porque entram no nosso país para trabalhar naquilo que os portugueses não querem (dizem... não me parece que seja assim, posso nomear inúmeros locais em que é super dificil entrar como funcionária e vemos sotaques a trabalhar por lá... pois) e enriquecer o nosso país (que bela descrição técnica), quando já cá estão legalizados e têm filhos cá, é-lhes entregue um subsídio bonzinho porque como declararam muito pouco é-lhe atribuído o escalão mínimo (não que eles só tenham recebido aquilo, lembremo-nos das empregadas domésticas que não apresentam o que ganham no IRS), têm todo o material escolar pago, alimentação a custo zero e subsídio de transporte. Quem tem filhos nos seus países de origem pode trazê-los para cá, que o estado custeia, até a viagem se se souberem "mexer" bem com a burocracia. Depois passam a ter vários filhos, porque estas mulheres fecham os olhos às pilulas e preservativos entregues gratuitamente nos centros de saúde, e porque sejamos sinceros, ter filhos mantém-os no fantasiado escalão de miséria e com boas quantias depositadas pelo Estado mensalmente nas suas contas. E o futuro destas crianças será qual? umas salvam-se da "hereditariedade" outros copiam os seu modelos... mas mudar para quê?

Os ciganos vivem num mundo à parte e sempre o fizeram. O Estado fecha os olhos e deixa-os roubar electricidade, água, finge que não ver os LCD nas barracas ou os BMW estacionados à porta da barraca. Imaginem qual o escalão desta gente? pois está claro...

As porcas, são uma designação minha. Ou seja são as belas das portuguesas e portugueses que vivem na miséria básicamente porque querem, porque gostam! são mulheres e homens que tiveram traumas nas suas infância e que não os souberam ultrapassar. Vivem rodeados de filharada suficiente para os manter no escalão da miséria. Não procuram melhorar as suas vidas, não se entregam a um emprego melhor, não anseiam objectivos nas suas vidas, tem pouca ou nenhuma higiéne alegando falta de dinheiro. Vivem porcas porque desta forma têm não só as escolas dos filhos paga, como também sacos de alimentos das Instituições para o efeito. Muitas destas mulheres (novas) sofrem violência doméstica, ensinam às filhas como se deve esconder e respeitar os maridos, têm medo de mudar e falta de coragem para se amarem...

Os subsídios de miséria deveriam ser dados pelo nosso Estado com data limite, como provisório, como ajuda para melhorar o nível de vida destas pessoas.
Lembremos-nos dos homens que vivem nos cafés (tabernas) o dia todo (ou a tarde toda) a beber vinho, digestivos ou cervejas, sempre acompanhados do seu tabaco viciante... mensalmente deverão custear a sua miséria com uns bons 200€.


200€ é aquilo que eu estou a mendigar para deixar de pagar mensalmente, se o meu filho de 4 anos entrasse para o pré escolar público, porque quero trabalhar agora! e não quando o meu subsídio de desemprego terminar.
Não peço subsídios, peço uma vaga para poder continuar a batalhar por uma vida melhor, um futuro melhor para os meus filhos, para criar e educar 2 homens que enriquecerão este meu país tão cheio de injustiças e falsas verdades...

Desgraçados dos nossos velhos... um dia também serei um deles...
Não sou racista nem xenófoba.
Sou uma portuguesa (como tantas outras) vítima de discriminação, simplesmente por ser portuguesa, branca e querer trabalhar tendo como ordenado mais do que o vencimento mínimo nacional.

Mas eu vou dar a volta por cima, ai vou VOU!
E já agora... obrigada Estado Português por me dar o subsídio mínimo de desemprego para poder dar de comer aos meus filhos, depois de ter levado uma rasteira dos meus patrões e enquanto procuro um novo emprego.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Hospitalizando os pensamentos


No princípio deste mês, tive um familiar com um problema grave de saúde que acompanhei de perto.
De um dia para o outro foi internado e submetido a uma cirurgia complexa, demorada e sem certezas de sucesso.
Foram dias complicados ao nível de entrega física e psicológica.
Nunca pensei sequer em desisitir, principalmente pelo meu marido.
Nem sempre este homem fez parte da minha vida, mas desde que entrou nela que se manteve sempre ao meu lado, com todos os seu defeitos, tratando-me sempre como uma filha.
Tentei balancear o receio de um desfecho dramático com a esperança da recuperação.
Eu desacreditei, confesso, mas mostrava-me esperançosa para com aqueles a quem este homem chamava de filhos e mulher... para que eles se agarrassem mais à fé do que à descrença.
Consegui acompanhar e apoiar sem me tornar numa estranha.
Bebi o máximo de informação, absorvi o mais que pude emoções e sentimentos reais de pessoas verdadeiras.
Num Hospital é possível aprender-se tanta coisa...
Senti-me constantemente em formação.
Olhares de pessoas que viveram vidas diferentes e que se vêm em camas de um Hospital, dependentes de terceiros, pessoas que olhando bem para o fundo do seu olhar se consegue perceber que alcançaram a oportunidade de aprender que nesta vida ninguém pode jamais viver isolada, achando que consegue tudo sózinha.
Consigo ver tudo isto e sentir todos aqueles sentimentos.
Identifico crianças carentes e com um quê de mimo em homens e mulheres danificadas pela dor da doença.
Olho para pessoas que dão parte da sua vida para conversar com desconhecidos, de forma a que a sua estadia numa cama de Hospital lhes pareça mais humanizada, chamamos estas pessoas de voluntários.
Conheço auxiliares que mesmo cansadas da sua rotina, esboçam sorrisos e têm conversas amistosas com desconhecidos doentes.
Falo com enfermeiros que me fazem acreditar cada vez mais que se trata de uma classe médica que tem tanta importância na Saúde, que nem precisam de se intimidar com médicos recém formados peneirentos e cheios de teorias inoperacionais na nossa realidade.
Ouço médicos cientes da realidade, directos com a nossa realidade e humanos nas suas atitudes, gente com as teorias da faculdade bem assentes na prática, homens e mulheres experientes em doenças, em curas e nos insucessos da sua profissão.
Gosto deste misto de sentimentos e conhecimentos.
Ninguém nasce ensinado, nem para uma profissão, nem para sofrer uma maleita.
É preciso saber curar, mas também é preciso se saber ser doente.
Em ambas as situações o respeito é crucial.
Estes dias em que diáriamente estava no Hospital, ouvi lágrimas, senti corações de mães aflitos e vi olhares doentes ou doloridos... mas também engoli muitas lágrimas minhas, porque em todas essas situações me pude ver um dia... nunca ninguém está livre de nada.
Na zona da pediatria não entrei.
Mas como mãe, não consegui evitar de sentir uma mãe em especial, com quem me cruzei numa outra visita a outro entre querido que também estava hospitalizado. Esta mãe que não podia ir para casa já há 2 semanas, e tinha um filho de 3 anos e uma filha de 4 anos... e quando eles foram ver a mãe ao elevador eu estava a entrar nesse mesmo elevador... e naquele momento não consegui deixar de sentir aquele coração de mãe ao abraçar os seus filhos... e enquanto as portas do elevador se fechavam as lágrimas rolavam na minha face...
Trouxe muita coisa comigo daquele Hospital.
E a vontade de fazer um voluntariado naquele meio ficou ainda mais aceso em mim.
Um bem haja a todos os profissionais do Hospital de Santa Maria!
Que me fizeram ver que os Hospitais Públicos não são um bicho papão... sinceramente não senti diferenças humanas com os hospitais privados que conheço.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Renascer

Um começo com sabor a experiência.

Basta-me dizer que será um início do meu segundo blog.
Finalizado o "Para Os Meus Amores", nasce o "2 vezes".

O "2 vezes" é tudo o que na minha vida passou a ser mais do que um.
Seja a forma de pensar, repensando.
Seja a forma de amar, amando.
Tudo mais do que uma vez.

É bom chegar a um patamar de experiência de vida em que nos sentimos crescidos, mesmo que nos lembremos constantemente das crianças que fomos.
Ter um objectivo de vida íntimo e pessoal.
Saber para onde ir, conduzir um barco, gerir uma casa.
Maturidade é algo que cresce e se transforma diáriamente.
Gosto de me olhar e ver-me criança, gosto de me ver e sentir-me adulta.
O balancear da situação é o prazer que a vida me dá.

Gosto de mim.
Quero-me sempre disposta a enfrentar a vida.
Vejo-me sempre a respeitar os outros.
Orgulho-me sempre do meu perdão.
Sinto-me sempre uma boa ouvinte.

Acredito em muita coisa.
Gosto de ouvir histórias religiosas, daquelas que contém peças que consigo encaixar no meu puzzle pessoal.
E sinto-me feliz assim.
Vejo e revejo inúmeros sentimentos em almas diferentes.
E sinto-me humanamente real.

Tive momentos, dias e anos dificeis de suportar e de superar.
Aprendi demasiadas formas independentes de me defender.
Aprendi mais tarde a deixar de precisar de as usas, e fui feliz.

Sempre tive muita gana pela vida, por mais madrasta que ela tenha sido para mim.
Tento ver em cada pedra no caminho, ou em cada pessoa que entra nele, um propósito.
Talvez seja isso ver para além de... qualquer coisa.
E vejo que saber viver não é contar as horas, é sim descobrir uma forma de melhorar... qualquer coisa., fosse por uma gargalhada, por um riso ou por um odor... como se a paga por sermos verdadeiramente humanos residisse na generosidade e no perdão...

Gosto de me sentir mulher, de amar e ser amada, de dar e receber.
Julgo que todos nós buscamos a felicidade por entre a dor do desamor, ou por entre o cansaço da rotina.
Mas dar tem sempre que ser o início e não o fim.



Voltei a escrever palavras soltas envoltas num coração aberto.
Parabéns "2 vezes", por trazeres de volta a Dianamãe, por marcares um recomeçar de trocas de experiências.
Quero-te sábio para me saberes ouvir e sadio para te contar sobre as minhas crias.

Voltei porque gosto de tocar o íntimo de quem vem até cá por bem, de quem um dia ou hoje se sente infeliz e sem sentido de orientação... embrenhados no fundo do poço.
Eu sou a prova que há sempre uma luz ao fundo do túnel... basta acreditar em nós mesmos.
Faz 2 anos que renasci!