sábado, 23 de maio de 2009

Chavala

Episódio nos correios:

"Ah mas já viu estes puzzles! São do Ruca!"
(esta é a mulher a tentar-me vender um puzzle - isto dos correios venderem agora "quase" tudo...)
"Não obrigada, estes puzzles são de 25 peças e o meu filho "dos puzzles" já passou essa fase"
"Então mas são 25 vezes 4, pois são 4 puzzles! Que idade é que ele tem?"
"Já tem 10 anos."
"??? ah??? Teve-o com 15 anos?? Ai desculpe, mas é que não parece nada ter um filho de 10 anos!!"
(a outra que estava do lado também ficou a olhar para mim como se eu fosse alguma ave rara)
"Ahahah, olhe como eu digo sempre - que continuem a dizer-me isso quando eu tiver 40 anos!"



Episódio na fila do MB:

Chegam 3 raparigas que trabalhavam no mesmo edificio que eu no ano passado.
E ficam as 3 paradas a olhar para mim com os meus filhos ao lado, com um ar que é quase indescritível, uma delas não resisitiu:
"Ahhh não me diga que estes são os seu filhos??? tão grandes!!"



Tenho 29 anos e um filho com 10 anos.

Sinto-me uma chavala com um filho a caminhar para a chavalice dele...

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Maternidade independente

Dou por mim a pensar que sou uma mãe que não vive para os filhos.
Vivo por mim primeiro.

Tenho uma necessidade humana de me sentir independente deles, de me sentir mulher, de me sentir livre.
Gosto de ir passear sem eles, de ir ao café sem eles e demorar horas por lá na conversa.
Amo ir ao cinema sem eles, ver os filmes que eu gosto.

Delicio-me no silêncio de uma tarde quente deitada nuns lençóis frescos.
Perco-me na sensação prazeirosa de não ter preocupações com as refeições.
Sinto saudades de quando não tinha responsabilidades domésticas.

Não sou uma mãe possessiva, egoísta, imatura, presunçosa, irreflectida, distante nem sufocante.
Sou eu mesma cheia de defeitos aos olhos de certas mães e carregada de virtudes aos olhos de outras mães.
Ser mãe é uma ascensão da alma.
Creio nisso como um ensinamento da vida.
Renasce-se quando se empurra para fora no nosso corpo, parte da nossa alma.
Ninguém pode ficar indiferente a este turbilhão de sentimentos.

A maternidade é algo extremamente carnal e forte.
Não termina quando as nossas crias aprendem a gostar de algo diferente do nosso gosto, nem quando simplesmente querem seguir o seu caminho, tenha ele os pedragulhos que tiver.

São nossas crias mas ao pari-las demos-lhes o direito a ter vida própria, independente.
Saber largá-las quando chegar a hora é uma mais valia para o seu desenvolvimento físico e psíquico, seja em que idade for.
Precisamos largá-los para poderem caminhar sózinhos.
Precisamos largá-los para aprenderem asneiras.
Precisamos largá-los para poderem pensar.

Afinal somos todos independentes uns dos outros.
Mas isso não quer dizer que sejamos menos importantes uns para os outros, não.

O homem que eu escolhi para namorar, para entregar a minha virgindade, para ser pai dos meus filhos, para ser meu amigo, meu companheiro, meu amante, disse-me ainda andávamos nós nas pesquisas corporais que -- "a minha liberdade termina quando a tua liberdade começar e a tua liberdade termina quando a minha começar".

Também nesta relação matrimonial a independência tem o seu lugar de mérito.
Eu preciso do meu espaço, do meu tempo. Ele precisa do dele.
Como casal temos uma liberdade não só de espírito como também de convivência.
Claro que nos persegue uma confiança e uma amizade que nos garante a segurança amorosa necessária para aceitar o espaço independente um do outro.
Creio ser primordial numa relação.

Não consigo aceitar que se vive em função de... filhos ou de maridos.
Vivemos por nós mesmos, por nos aceitarmos, por evoluirmos pessoalmente e profissionalmente, por sabermos viver em sociedade, por sermos mais!
Só sendo mais qualquer coisa, é que poderemos estar aptos a dar aos outros pedaçinhos da nossa experiência, para podermos passar o testemunho e aproveitar esta divisão de papéis que a vida nos propõe.
Viver em função de alguém é escondermo-nos numa vida que não é nossa.
Os filhos crescem e saiem da barra na nossa saia, os maridos perdem-se na nossa passividade e não nos reconhecem, quando só olhamos para eles após perdermos os filhos já adultos e, prestes a quererem viver de forma independente da nossa.
Valerá a pena viver em função de alguém, neste mundo que roda sem parar e nesta vida que acaba sem avisar?

Eu amo os meus filhos, não preciso de o justificar nem de o demonstrar a toda a hora em público. Não vivo em função das opiniões alheias. Vivo em função da minha auto estima, do meu propósito nesta vida e disto fazem parte cada pedaçinho de alma que entrou no meu caminho, seguindo lado a lado comigo, seja por laços familiares, carnais ou emocionais.

Viver é aprender.
Aprender não é ler nos livros. É viver a vida com todas as suas amarguras e risadas, sem estar amarrada a nenhuma outra vida.
Viver não é nos escondermos atrás da vida dos outros, achando que assim nunca se irão esquecer do quão são importantes para nós.


É tão bom descobrir que viver não é esquecermo-nos do que e de quem nos rodeia, é sim percebermos que somos importantes para quem amamos e para quem nos ama, dentro do espaço/ liberdade de cada um.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

A minha coluna

Defeituosa... e assustadoramente preocupante...
Sei por algumas imagens que tirei dela há uns tempos atrás, sei pelos incómodos nos braços que tenho, sei até pelas pontadas dolorosas e incapacitantes com que já acordei a meio da noite ou com que já me debati de manhã, sei também pela dor ao respirar quando acelero o passo... até vou sabendo...
... o que ainda não tinha, era... visto.
E é muito feio e perturbante de se ver.

Uma foto tirada na brincadeira, que me veio mostrar aquilo que sinto há tanto tempo.