sábado, 24 de outubro de 2009

Ao 7º dia da sua morte


Ainda se vive numa penumbra que abafa a realidade...
Ainda se tenta interiorizar uma falta que se sente, uma presença desaparecida...
Ainda se espera que volte...

Sente-se a sua presença.
Seja nos hábitos, seja em risos que se ouviriam duma presença física, seja na saudade de o não ter.

A certeza da falta de sofrimento aquando da sua separação do físico/ material, apazigua a nossa alma.
Mas a falta que sentimos deixa-nos tristes.

Foram dias muito pesados para mim, mesmo como nora.
Tinha-o como um pai, extremamente presente e por isso sinto muito a sua falta.
Como nora protegi e amparei a sua mulher, a sua filha e o seu filho meu marido.
Afastei os seus netos, meus filhos, de toda a incerteza e dor da espera.

Coube-me a mim contar a morte de um pai a um filho e de um avô a dois netos.
E doeu...
E foi extremamente pesado...
Mas a dor maior foi a de contar aos meus filhos que adoravam aquele avô, tão presente na vida deles, que ele tinha morrido. Sem rodeios ou histórias de encantar, apenas simplicidade e com sentido universal.
... as lágrimas do meu filho mais velho corroeram-me a alma.
... o silêncio e inocência do meu filho mais novo apertam-me o meu peito.

Amanhã temos a missa em nome da sua alma e os netos irão estar presentes.

Paz à sua alma!

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Aneurisma na aorta


É uma complicação grave que já levou o meu sogro 3 vezes à mesa de cirúrgia.
Em toda a aorta (torácica e abdominal) existe uma prótese.
A aorta está demasiada "calcada" e "magoada", está sem força de vida... e sem ela não há vida.
Esta 3ª vez o aneurisma na aorta abdominal trocou a volta ao coração forte e saudável.

Estamos a combater o tempo da angustia de uma espera, com pouca vontade de esperar.
O fim já está traçado, menos o tempo que demorará até acabar.

Porque com todos os defeitos que o meu sogro possa ter, sempre foi como um pai para mim... nunca me deixou faltar nada muito menos aos meus filhos... esteve muito mais presente na minha vida, do que o meu próprio pai.
Porque tenho a sorte de ter os melhores sogros do mundo... dói cair na certeza de um fim aos 60 anos...