quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Encarecer a educação dos nossos filhos

Ontem enquanto apreciava a reportagem da RTP1 sobre diferentes formas de perceber a procriação, deparei-me com algo que me arrepiou a espinha, o facto de apenas 1 criança de 9/10 anos gastar cerca de 1.000€ mensais só para sua auto contemplação.
Não considero que quanto mais se gasta com um filho, melhor serei eu ou será ele no futuro.
Se educar fosse assim tão linear tudo seria mais fácil de resolver.
Já por várias ocasiões pude constatar que o comboio da vida, muitas vezes não segue a direito, existem curvas no seu percurso e muitas vezes elas são tão apertadas que nos derrubam.

O ser humano tem uma característica universal - o facto de se habituar fácil e rápidamente ao que é bom, prazeiroso, agradável e fácil, quando acontece o contrário o seu eu interior, a sua força é que marcam a diferença.
Um dia podemos não ter tudo, podemos não ter como nem o que escolher, mas temos que ter a capacidade de nos levantarmos batalhando.

Assustou-me aquele valor, confesso. Imaginar que um ser que desde que nasceu vive para si mesmo, aprendendo que basta sonhar e pedir que terá, que conseguirá, sem qualquer tipo de esforço.
Assusta-me apenas o factor global daquela situação e não o pessoal daquela família.

Educar é colocar em pontos, um objectivo final.
Cada ponto significa algo que o educando tem que aprender sózinho, com ajudas é certo, mas aprender é algo individualista e único, para que possa funcionar uma qualquer aprendizagem.
O objectivo é o seu encontro com algo do seu eu interior (educando), sejam apetências sejam interesses.
Educar é sim estimular, mas não só o factor externo.
Materializar a educação torna o educando pragmático, materialista, egocêntrico e individualista.
Racionalizar a educação torna o educando analista, solidário, ponderado e abrangente.

Sei que nem sempre existem boas escolas públicas ao virar da esquina, mas com toda a certeza que num raio de 10 km encontrarão uma, que valerá a pena os km diários.
Actividades extra curriculares com valores simpáticos e acessíveis encontram-se igualmente em escolas públicas boas.
Para quem é céptico, podem acreditar que efectivamente existem!
Se existe muita mistura de raças, educações e culturas nas escolas públicas? pois concerteza, tal qual qualquer parte do Mundo.
Tornar o nosso filho capaz de manter os seus valores e respeitar os outros, sendo capaz de se fazer respeitado é um dos objectivo de educar.

Não sou drogada, não sou mãe solteira (daquelas que têm um companheiro mas que não o assumem perante a segurança social, nem daquelas mães solteiras que são divorciadas e recebem pensão de alimentos, nem daquelas mães solteiras que engravidaram e nunca mais souberam do pai da criança), não sou cigana (daquelas que vivem em barracos junto aos postos de elctricidade e fazem uma puxada), não!
Sou uma pessoa completamente normal, que me enquadro na grande maioria das famílias portuguesas que não vivem na pobreza mas que também não pertencem ao estatuto daqueles que ainda sobra dinheiro para umas férias fora do país.

Posso dizer que mensalmente gasto com os meus 2 filhos 180€, que incluí:
Rafael (08h00 - 17h00) A escola está aberta das 07h30 às 20h00 sem custos acrescidos
= escola pública de qualidade + almoço + lanche + basket + informática + dinheiro no cartão da escola + telemóvel
Afonso (09h00 - 18h00) Sim, aqui requer alguma flexibilidade de horário (no 1º ano será melhor)
= ensino pré escolar público + prolongamento + férias escolares + almoço + lanche + natação + tai-chi

Posso acrescentar umas idas ao cinema, uns fast-foods, umas gomas ao fim de semana, uns livros, uns jogos, uns brinquedos, como complemento materialista.
Posso também acrescentar uns passeios em família, umas pescarias, umas pedaladas, uns jantares e cafés com amigos, umas visitas a familiares, como complemento racional.

Claro que nem sempre em quantidade que EU OU ELES QUERÍAMOS, mas tento organizar o melhor que consigo o tempo, os horários, as disposições e as verbas disponíveis, para que possamos ser hoje mais felizes do que ontem!



3 comentários:

Anónimo disse...

Como sempre minha cara lady di, tens tanta razão e concordo contigo plenamente... para quê dar-lhes tudo de bandeja se um dia eles irão de batalhar para eles e onde é que estão as bases?!

jocas pariga

Vera disse...

Como sempre, concordo com o que dizes. Há coisas que também me fazem confusão.
Beijocas grandes.

akombi disse...

é bem verdade e ainda crescento que há muitas familias que alegam que têm que trabalhar para dar o melhor aos filhos, para eles o melhor é trabalharem 12 horas por dia e as crianças ficarem entregues a colégios e actividades pois só assim serão bem formados, preparados para avida (havia uns pais num colégio bastante afamado por aqui que deixavam o filho até há hora de fecho e era sempre o 1º a entrar, na hora do fecho cerca das 20 horas tinham que telefonar aos pais e depois era uma luta pois um dizia que achava que amulher já o tinha ido buscar e a situação invertia se com a mãe e nisto tudo a criança ali sózinha, mas no entanto ai de quem disse que estavam a errar)